Presidenta
Dilma, heroína do Brasil
Eu
tenho acompanhado e me solidarizado daqui de Nova Jérsei, junto com milhões
brasileiros em todo o mundo, a corajosa defesa da presidenta Dilma no senado.
Coragem é pouco. A presidenta Dilma está entrando para os anais da história
como uma das mulheres mais aguerridas em defesa de causas sociais e
democráticas ao lado de figuras, como: Rosa Parks, Annie Lumpkins e Aung San
Suu Kyi. Nesse artigo, eu gostaria de refletir com vocês sobre as causas e os
efeitos dessa dramática situação que envolve o impeachment e a injustiça pela qual vem sofrendo a nossa honesta
presidenta.
Causa
1: A crise econômica
Erros foram cometidos durante a gestão da presidenta dos
quais ela já reconheceu. Contudo, a violenta crise econômica que se abateu
sobre o mundo, bateu à porta do Brasil com virulência. Por exemplo, o preço das
commodities tais como petróleo e
minérios, verdadeira fonte de renda para países emergentes como o nosso, caiu,
assustadoramente. No cenário interno, o desemprego e a inflação, aliados ao
início das delações da “Lava Jato”, prenunciaram a tempestade que estava por
vir. Faltava à cereja do bolo: Eduardo
Cunha.
Causa
2: Eduardo Cunha
Cunha
é um dos maiores psicopatas da atual política brasileira. O objetivo dele era
megalomaníaco, ou seja, ele queria engolir o executivo e governar o país pelo
legislativo suportado por dezenas de deputados, verdadeiros afiliados
políticos, dispostos a tudo para ser fiel ao chefe. Com suas manobras e
manipulações, ele conseguiu protelar as investigações dantescas e escandalosas
que envolviam sua pessoa e aliados, e investir todas as forças na farsa do impeachment. O motivo foi simples: a
presidenta Dilma não deu brecha para banditismos políticos, ou seja, ela não se
submeteu aos caprichos escusos do dito Cunha. Como resultado, ele articulou o impeachment com o aval do interino e
escudeiros.
Muitos
deputados que votaram pelo impeachment na
câmara o fizeram para serem “fiéis ao partido”. Um dos argumentos mais
ridículos em todo esse processo, pois se troca de partido no Brasil, como se
troca de camisa a cada fim de tarde. Merleau Ponty já dizia que na política,
como nos afetos, pactos se rompem. Não são apenas alguns políticos do PT que
estão envolvidos na Lava Jato, embora se tenha trabalhado ardilosamente para
isso. A maior parte dos partidos está envolvida com dinheiro sujo. Logo, nesse
processo, ir de encontro às orientações do partido é uma virtude política, não
um vício. Toda a confabulação precisava de um emoliente, já que os
protagonistas não estavam sozinhos. Eles precisavam da propaganda.
Causa
3: Os principais meios de comunicação
E
ela veio avassaladora. Todo santo dia o governo Dilma era manchete de tudo o
que era de ruim no cenário político, econômico e social. Seu governo foi
rapidamente associado à corrupção pela Lava Jato – como se alguns políticos do
PT fossem os únicos envolvidos. Desemprego, inflação, seca, crise energética,
queda do PIB, tudo isso foi o tempero necessário, preparado pela mídia, para
incendiar uma multidão desorientada. Os protestos pelo impeachment tomaram as ruas do Brasil. Mas, as vozes contra a
manipulação midiática, também acordaram. Nesse
ínterim, assistimos ainda ao início da caça ao presidente Lula. Resumindo,
várias frentes foram arquitetadas para desmontar o estado de bem estar social
construído pelo governo popular.
Quem é ele?
Sei
muito pouco sobre o interino. Sei que ele recua a cada reação que se tem diante
de suas decisões. Sei que ele é frouxo já que ele não permitiu que seu nome
fosse divulgado durante a abertura das olimpíadas. Sei que ele evitou de ir ao encerramento das olimpíadas, enquanto que a presidenta
Dilma esteve na abertura e no encerramento da copa de 2014 sob intensa vaia dos
espectadores. Mas ela esteve lá. Heroína e corajosa, Dilma está enfrentando o
senado porque não tem nada a temer. O interino não tem origem nas camadas
populares, ele não sabe o que é pobreza e carência social. Ele parece estar nas
mãos dos caciques dos partidos, incluindo o Cunha. Por tudo isso, o quadro que
se vislumbra é bom para quem tem dinheiro e poder. O quadro só não é favorável
para as camadas menos privilegiadas, porque foram elas que foram atendidas pelo
governo popular.
Quando
vejo um ar de normalidade em volta de Cunha e seguidores, quando vejo o doce
jargão de que pobre tem que pagar plano de saúde privada e que as
universidades, uma vez chegadas ao Nordeste, agora têm que ser privatizadas; em
síntese, quando vejo que Paulo Freire está sendo escanteado por Alexandre
Frota, algo muito nebuloso está envenenando o sangue da nossa jovem e às vezes
intransitiva democracia (na linguagem de Freire). Contudo, continuo esperançoso
apesar de toda essa tragédia que vem tragando a nossa sociedade brasileira.
Vejo confrontos ideológicos protagonizados por verdadeiras ilhas libertárias,
como os que vêm ocorrendo no cinema (Aquarius,
Sônia Braga e Patricia Pillar), na música (Chico César, eternos Chico e
Caetano), nas igrejas (Papa Francisco) nas escolas e universidades, sindicatos
e nas ruas. Nesse cenário caótico, trago hoje um belo trecho de uma canção que
sempre me acompanha em momentos de melancolia: “[...] da terra seca, flores e
frutos vão brotar”. Juntos com a presidenta Dilma, pela democracia!
Prof. Otacílio Gomes da Silva
Neto
New Providence, New Jersey
29/08/2016